O Museu Hancock é desses museus que apaixonam. Ele foi uma das muitas surpresas boas que tivemos em Newcastle na Inglaterra. Existe um mundo inteiro de informações ali, naquele bonito espaço: fósseis, réplicas de animais selvagens, bichos empalhados, flora, objetos romanos encontrados em solo inglês, múmias egípcias e artefatos gregos antigos.
Um amontoado de peças que contam histórias e um bocado de pessoas que os percebem das mais variadas maneiras.
Nós visitamos o Hancock Museum num sábado, após eu concluir a Great North 5k: excelente prova de corrida de rua, animada, de percurso muito bonito entre as cidades de Newcastle e Gateshead.

Museu Hancock em Newcastle upon Tyne

Um bom e variado acervo
História Natural. História de civilizações.
O Museu Hancock é um museu de história natural e também de antigas civilizações. Foi fundado em 1884. Hoje ele atende pelo nome de Great North Museum: Hancock. Entretanto, na entrada do edifício, lemos The Hancock Museum.
O nome é uma homenagem a dois importantes e locais naturalistas: Albany e John Hancock.

História natural e de antigas civilizações
Havia muitas crianças visitando o Museu Hancock naquele dia. Elas corriam de um lado a outro, curiosas e interessadas, observando o passado daquelas terras em que vivem hoje, bem como de outros lugares no mundo que talvez nunca visitem.
Elas foram também objeto de observação para mim. Crianças buscando conhecimento: que sensacional presenciar tudo aquilo!
Eu li, vi, aprendi e me envolvi com o bom acervo do museu. Ficamos passeando por aqueles espaços um tempo grande, que não sei determinar o quanto, porque voltei ao passado variado, viajando em tudo aquilo, sem prestar atenção ao tempo real.
Quando finalizamos a nossa visita, eu desejei começar tudo novamente. Entretanto, como era nosso último dia na cidade, ainda pretendíamos visitar o Newcastle Castle, que deu nome à cidade. Então, nada de recomeçar. Era hora de partir para o castelo!

Viajando…
A Muralha de Adriano
No Museu Hancock há uma galeria dedicada à Muralha de Adriano. Informações diversas sobre como era viver do lado de dentro dos muros romanos quando eles dominavam o território. No dia anterior estivemos em suas ruínas na cidade vizinha de Wallsend.
No museu, entendi um pouco mais sobre o Forte Romano de Segedunum, seu funcionamento, sua dinâmica… Complementei o que eu já sabia até então.
Abastecimentos dos itens necessários à vida cotidiana, cultos de adoração a Mitra, arquitetura, utensílios domésticos, como belíssimas ânforas, utilizadas para armazenar vinho, armas, moedas… Peças que ajudam a montar o quebra-cabeça do dia a dia dos soldados romanos no nordeste inglês.
Está ali exposta, inclusive, uma suástica de bronze que para os romanos simbolizava boa sorte. Hitler destruiu essa imagem ao associar o símbolo a uma ideologia doentia de extermínio. Olhar para a suástica atualmente nos causa (para a maioria das pessoas, ao menos, eu suponho) repulsa.

Suástica romana de bronze
Romanos e não romanos, que viviam na Bretanha, dentro da Muralha de Adriano, podiam escolher a que deuses queriam adorar. Eram livres inclusive para realizar seus rituais religiosos, desde que não envolvessem sacrifícios humanos.
Além do passeio por este passado ter sido incrível, o conhecimento disposto em forma de material escrito (apenas em inglês) tem algo de leve e divertido, o que me fez querer saber mais e mais.

Na galeria que fala dobre a Muralha de Adriano

Informações (apenas em inglês) no Museu Hancock: linguagem leve
Intercâmbio cultural
As pessoas que chegavam às fronteiras romanas do nordeste inglês traziam seus próprios gostos no que dizia respeito à gastronomia, assim como sua própria maneira de manejar os alimentos, diferentes técnicas de cozinhar, desenvolvidas e/ou aprendidas em suas terras de origem.
Assim, novas comidas foram introduzidas na região como alho-poró, cenoura, nozes e rabanete. Pimenta vinda da Ásia também foi encontrada nas áreas próximas à muralha, ainda que fosse item caríssimo. Muitos soldados se envolveram no comércio de alimentos.
Os soldados preparavam sua própria comida e os materiais de cozinha que eles utilizavam eram bem básicos. A maioria desses objetos vinha da Itália.

Alguns utensílios utilizados pelos soldados para preparar suas refeições.
Objetos que contam longas e antigas histórias
As ânforas utilizadas para armazenar o vinho, essa deliciosa e antiga bebida (bem diferente da que bebemos nos dias atuais), nos contaram muitas histórias sobre o modo de vida na Grécia Antiga. Os desenhos falavam de homens e de suas atuações naquela sociedade.
Os homens passavam a maior parte do tempo ao ar livre, em atividades externas que envolviam algum tipo de atletismo, guerras ou caçadas.
Existia ainda um evento chamado Simpósio. Festas para que os homens pudessem beber, onde eram usadas uma boa variedade de objetos de cerâmica e metal, onde as bebidas eram servidas.

Ânforas e histórias – Grécia antiga
A Grécia antiga era um mundo eminentemente masculino. Há poucas evidências sobre a vida das mulheres nessa época porque os escritores de então eram homens, a exemplo de Herodotus e Platão. Entretanto, através dos desenhos encontrados em tais objetos, ânforas e afins, podemos ter algumas pistas sobre as funções femininas nessa sociedade.
Em resumo, cuidar da casa e das crianças.
Na arte dessa época, os homens eram representados nus e esplêndidos, com corpos atléticos, reflexo de suas vidas ao ar livre, enquanto as mulheres eram geralmente retratadas vestidas, modestamente vestidas.

Homens na Grécia antiga eram representados nus, enquanto as mulheres, vestidas
“As pessoas dos países frios são, geralmente, especialmente na Europa, cheios de vivacidade, mas carentes de inteligência e habilidades.
As pessoas na Ásia são dotadas de habilidades e inteligência, mas são deficientes de vivacidade.
A Grécia, numa posição geográfica intermediária, une as qualidades dos dois grupos.” – Aristóteles
Da Grécia para o Egito antigo, os artefatos indicam que aprender a ler e escrever era privilégio dos garotos. Poucos registros mostram garotas tendo esse direito. Os alunos enviados às escolas eram de duas categorias: aqueles, geralmente de famílias abastadas, que necessitavam de boa educação.
Os outros, que eram treinados para serem artistas ou escribas. Os segundos possuíam papel importante na sociedade egípcia daquela época. Podiam se tornar professores, contadores ou mesmo cronistas das obras do Faraó.
Fato é que, escrever era considerado sagrado. Através da escrita, eles podiam se comunicar com os deuses. O patrono dos escribas era Thoth, deidade com cabeça de íbis ou babuíno.

Artefatos de escrita dos anos entre 1.185-1170 a.C.
Irtyru
Ainda sobre o Egito antigo, cujo acervo no Museu Hancock é significativo e cheio de ricas informações a respeito desse tão interessante universo, encontramos a múmia Irtyru.
Irtyru foi uma mulher que viveu entre os anos de 664 e 525 a.C.. Ela foi encontrada em Qurneh, na margem oeste do Rio Nilo, antiga cidade-estado Tebas (aliada da famosa e poderosa Esparta), atual Luxor. O Raio-X sugere que ela tinha entre 30 e 35 anos quando morreu.
Eu já vi algumas múmias ao longo dos anos, em museus espalhados por aí – algumas muito impressionantes -, mas elas sempre me causam algum tipo de inquietação. Talvez por estarmos tão inegavelmente diante do inevitável: a morte!
Única certeza da vida e das poucas coisas nessa vida que a maioria de nós tem dificuldades de pensar, refletir, analisar, aceitar, lidar.

Irtyru

Irtyru
Outras galerias no Museu Hancock
O Great North Museum: Hancock abriga muitas outras galerias que contam as mais variadas histórias de tempos e lugares que não vivemos. Ou que vivemos! Quem sabe por onde andamos perambulando em outras vidas por esse planeta, né não?
Living Planet Gallery, dedicada ao reino animal e às mais variadas espécies. Animais que habitam tanto os desertos do planeta, quanto áreas de muito gelo. Animais terrestres e aquáticos. Os voadores também. Eu gostei muito de perambular por ali.

Animais terrestres

Animais voadores

Hancock Museum em Newcastle – Living Planet Gallery
Fossil stories Gallery: o passado muito, muito antigo do planeta, representado por fosseis. Natural Northumbria Gallery que mostra a vida animal e vegetal na região da Northumbria, bem como suas bonitas paisagens.

Um dos antigos habitantes desse velho planeta
Ancient Egyptian Gallery: artefatos de muitas naturezas distintas: estátuas, múmias, itens funerários e amuletos da sorte. A vida do Egito antigo que sobreviveu ao passar dos anos nos objetos criados.
Ancient Greeks Gallery, considerada uma das melhores coleções de objetos gregos e etruscos de todo o país por conta de sua pluralidade e quantidade de objetos expostos. Roman Empire Display, o cotidiano e o sagrado do poderoso e antigo Império Romano.

Roman Empire Display – uma das galerias do museu

Escultura em mármore (cópia do século XIX) do pankration: um dos mais violentos eventos atléticos da Grécia antiga. Os únicos movimentos ilegais eram morder e arrancar os olhos dos adversários. Ui!
World Cultures Gallery, objetos cerimoniais e de guerra das mais variadas culturas do mundo. Ice Age to Iron Age Gallery: da era do gelo, passando pelas Idades da Pedra, Bronze e Ferro, uma jornada para um pretérito muito, muito distante.
Isso sem contar que o museu é muito interativo.
Finalizando…
Finalizando nossa visita deliciosa ao Museu Hancock, vimos uma mostra temporária sobre o colapso da terra pela forma como utilizamos (bem mal) os recursos naturais e como andamos destruindo a natureza com nossa modelo (predador) de viver.

Ações que podemos adotar para minimizar nosso impacto negativo no planeta
- Nível de poluição da Tyne Bridge num sábado normal, uma semana depois da corrida que passa pela ponte
- Nível de poluição no dia da corrida, em que ruas estavam fechadas para o trânsito

O tempo está se esgotando. Estamos esgotando o planeta. O que cada um de nós está fazendo?
O Great North Museum: Hancock está localizado nos campus da Universidade de Newcastle. Entrada gratuita. Doações para a manutenção do museu são muito bem vindas.

Campus da Universidade de Newcastle
Quer conhecer saber de outro lugar para visitar, não em Newcastle, mas em Gateshead, logo ali, do outro lado de Rio Tyne?!
Então clica no link bem aqui abaixo!
BALTIC Centre for Contemporary Art
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O Hancock Museum na Inglaterra
Por fim, se você, meu caro viajante, gostou de saber um pouco sobre o Museu Hancock em Newcastle e de como foi a experiência de o visitar, decerto gostará de compartilhar em suas redes sociais a fim de que os amigos e conhecidos leiam também!
Os botões de compartilhamento estão aqui abaixo.
Ai, que arrepio que me deu essa múmia! Hahaha…
Quantas horas do dia devo dedicar à visita? Você se lembra quanto tempo gastou?
Gosto de ter essa informação para planejar o roteiro.
oi Gisele… o tempo que se gasta num museu é muito relativo! Eu sou dessas que num museu do porte do The Met ou Rijks ou Hermitage passo o dia inteiro, ou seja, cerca de 7 ou 9 horas. Esqueço até de comer, muitas vezes. O Hancock Museum é menor, tem menos salas, mas possui muita informação em objetos pequenos. Eu reservaria um turno. Acho que a maioria das pessoas gastaria um par de horas, não mais do que isso.:) bjs
Ana adorei esse post. Que demais esse museu. Tanta coisa interessante né?
oi Hebe, para quem gosta de museus o Hancock Museum na fofa Newcastle é uma ótima opção do que fazer por lá. 🙂
Parece ser um museu bastante grande! Acho que eu ficaria o dia inteiro dentro dele! Especialmente pela história sobre o Império Romano que eu gosto bastante de aprender! Obrigada pelas excelentes informações!
O Hancock Museum não é muito grande não, mas tem muitas informações e muitos objetos. É possível sim, passar bastante tempo aí dentro! Eu gostei muito da visita! 🙂
Nossa o The Hancock Museum é bem completo, passaria horas nele hahha. Ainda não conheço Newcastle na Inglaterra.
Newcastle é toda linda Ana e o Hancock prende a gente por um bom tempo, com certeza! 🙂
Não conhecia o Museu Hancock em Newscastle na Inglaterra, mas adoro museus que tem vários temas misturados! Mas minha parte preferida acaba sendo sempre a coleção egípcia rs.
Se você gosta das coleções egípcias Fer, você vai se deliciar com os artefatos do Egito antigo que estão expostos no Hancock Museum. 🙂