O primeiro monumento russo que nós visitamos em nosso segundo dia em Moscou foi o magnifico Armoury Chamber (Câmara de Arsenal do Kremlin). Este lugar me causou forte impressão principalmente por conta da opulência dos objetos exibidos. Nunca, até então, eu havia posto os olhos em nada tão rico.
No dia anterior caminhamos bastante, descobrindo Moscou através de seus prédios e ruas.
O que é o Armoury Chamber e sua longa trajetória
O Armoury Chamber é um dos museus mais antigos da cidade e abriga os seculares tesouros russos. São mais de 4.000 peças em exibição. O prédio data do ano de 1851.
O arsenal russo existe pelo menos desde o século XV ou XVI, não se sabe ao certo. Fato é que por volta desse período, as armas e acessórios de guerra e proteção dos czares eram fabricados no Kremlin, por diversos artesãos.
Com o passar dos anos, objetos de uso cotidiano passaram a ser produzidos aí também, o que significou um aumento significativo de trabalhadores, não só da própria Rússia, como de outros países europeus.
Quando a corte czarista mudou-se para São Petersburgo, com Pedro, o Grande, a oficina foi transformada em museu. Entretanto, somente mais tarde, foi aberto à visitação pública. Tampouco nestes primeiros anos era abrigado no edifício atual.
O prédio corrente foi construído especialmente para este fim, abrigar os tesouros dos czares, pois seu antecessor já não comportava a quantidade de objetos do arsenal, mostrando-se pequeno. O acervo do Palácio do Arsenal caiu nas mãos dos Bolcheviques que fecharam o Armoury Chamber por alguns anos, abrindo-o anos mais tarde sob o nome de Museu de Arte Aplicada.
O Palácio do Arsenal tem bonita face externa, suave em comparação com outros prédios moscovitas, mais intensos, em tonalidades de branco, amarelo e verde. Olhando-o de fora, não temos a menor pista do que ele guarda em seu interior.
Tornou a fechar durante a Segunda Guerra – os tesouros foram evacuados por causa de uma eventual invasão alemã , sendo reaberto com o nome original já nos anos 50, onde o encontramos hoje.
O acesso ao Kremlin

Entrada para o Kremlin
Nas bilheterias compramos os ingressos que custaram 700 rublos cada (cerca de R$42,00), com hora marcada.
A entrada para o Armoury Chamber fica na parte sudoeste do Kremlin sob a Torre Borowizki. Saindo das bilheterias, viramos à esquerda na Aleksandrovsky Sad.
Passamos por minuciosa revista manual de bolsas e mochilas, além do raio X. Afinal estávamos entrando no Kremlin! Lá dentro, tivemos que aguardar no pátio até o horário de nosso bilhete.
O acesso ao Armoury Chamber

Pessoas esperando para entrar no Armoury Chamber
Entramos e saímos do Armoury Chamber pela lojinha, cheia de souvenires, como não podia deixar de ser. Ali também estão os audioguias que são gratuitos e contam a história de alguns objetos expostos no museu que estão divididos em diversas salas, em dois andares.
O percurso que nos foi sugerido se iniciava no primeiro andar e terminava nas salas do térreo. O museu estava lotado e nas câmaras mais famosas foi preciso ter paciência para chegar mais perto das vitrines para apreciar os espetaculares objetos de pura arte.
A primeira coisa que eu vi quando entrei no Armoury Chamber foi uma longa e bela escadaria. Subi por ela, degrau a degrau, com calma, aproveitando cada momento, tentando reter em minha memória aquilo que não poderia fotografar.
O acervo do magnífico Armoury Chamber
O acervo é enorme e confesso que nunca vi tanto luxo, tanta opulência, tanta beleza e ostentação em um só lugar. Eu fiquei sem fôlego, impressionada, mesmo.
Entre muito objetos espetaculares estavam os famosos ovos Fabergè com suas surpresas dentro. Ao vivo eles são ainda mais espetaculares do que eu havia lido que eram.
Os famosos ovos Fabergè
Carl Fabergè, o inventor dos famosos ovos, era filho de franceses huguenotes, fugidos da intolerância religiosa imposta na França pela supressão da liberdade dos protestantes.
Seu pai, Gustav, joalheiro, fixou residência em São Petersburgo, importante polo cultural e artístico da época, estabelecendo seu atelier nas proximidades do belíssimo Palácio de Inverno, que atualmente abriga o ótimo Museu Hermitage.
Estamos nesse momento na primeira metade do século XIX.
Carl nasceu durante esta efervescência, quando a Rússia era governada pelo czar Nicolau I e a corte vivia de maneira suntuosa, em detrimento ao povo.
Seu pai já era bem sucedido e assim o menino teve acesso a farta educação e cultura, vivendo inclusive um tempo fora da Rússia. Carl volta, começa a trabalhar no negócio da família e sempre buscando a perfeição, logo é reconhecido pela elite russa.
Foi o czar Alexandre III, neto de Nicolai I, quem alçou a marca Fabergè internacionalmente. Ele era um governante conservador e repressivo, mas amava as artes e entre elas as obras produzidas no ateliê de Carl, que a esta altura já tinha assumido os negócios do pai. Carl trabalhava em parceria com seu irmão mais novo, Aghaton, que era excelente desenhista.
Existia na Rússia e em alguns países na Europa, o hábito de trocar ovos durante a Páscoa.
Os irmãos Farbergè então tiveram a ideia de criar um ovo fabuloso. Depois de 1 ano de trabalho sob segredo absoluto, foi inventado o primeiro ovo denominado Galinha.
Todo feito em ouro esmaltado de branco para dar mais realismo. Continha uma gema de ouro fosco. O interior abrigava uma pequenina galinha de ouro em diferentes tonalidades e olhos de rubi. Ela, por sua vez, guardava uma pequeníssima coroa imperial cravejada de diamantes. Dentro da coroa havia um ovo de rubi do tamanho de uma cabeça de alfinete.
A partir de então, a Maison Fabergè fabricaria 1 ou 2 ovos a cada Páscoa durante 30 anos. Esses e outros tesouros amealhados pelos czares durante séculos, foram usados pelos comunistas para financiar o regime, após a Revolução de 1917.
Outros objetos do Armoury Chamber
Além dos extravagantes e extraordinários ovos Fabergè, encontramos no estonteante acervo do Armoury Chamber, coroas de czares famosos como Ivan III e carruagens como a da Czarina Catarina. Luxo incontestável, que chega a nos deixar tontos.
Tronos, conjuntos de almoços e jantares, baixelas em ouro. Bíblias cravejadas de enormes pedras preciosas, belos trajes e armas. O que mais me impressionou foram os presentes enviados pelo antigo império alemão (Hamburgo), por causa dos incontáveis detalhes suntuosos.
Parte da trajetória do Império Russo está contada ali, por todos aqueles objetos.
Levamos cerca de 2 horas perdidos em meios a muito ouro e pedras preciosas.
Saímos do Armoury Chamber e fomos visitar o Jardim de Alexandre.
Horário de funcionamento:
Armoury Chamber:
15 de Maio a 30 de Setembro: das 10:00 às 18:00.
30 de Setembro a 15 de Maio: das 10:00 às 17:00.
Fecha todas as Quintas-feiras independente da época do ano.
Bilheterias – Aleksandrovsky Sad (Alexander Garden):
15 de Maio a 30 de Setembro: das 09:00 às 17:00.
30 de Setembro a 15 de Maio: das 09:30 às 16:30.
Fecha todas as Quintas-feiras independente da época do ano.
O ingresso custa 700 rublos e menores de 16 anos não pagam.
Vem espiar este mundão lindo comigo:
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A Russa tem muitas riquezas nos seus museus né, adorei conhecer esse país incrível, só um pouco difícil de comunicar com as pessoas muitos não falam falar nenhum outro idioma.
oi Christian… eu também gostei de visitar a Rússia. Muito. De fato, é muito raro encontrar alguém que fale inglês ou outra língua ocidental, mas eu achei isso muito divertido!! 🙂 Tenho muitas e divertidas histórias para contar! 🙂 bjuusss
Oi Ana
Jà visitei muitos palàcios que exibem os tesouros de familia e confesso que aquilo nunca me apeteceu. Interessante ver, mas conjuntos de louça, por mais rico que seja, não me encantam.
No entanto, o que eu achei interessante é que no “Armoury Chamber”, o tesouro exibido não se limita a esses objetos (e talvez até mesmo esses sejam de abrir a boca).
Uma pena que não é permitido fotografar. Fiquei muito curiosa. Precisei procurar na internet, o “Galinha”. O que é aquilo????!!!
oi Ju… eles também não me apetecem no sentido de desejar tê-los, mas considero obras de arte magníficas! E nunca havia visto nada parecido com o que vi na Rússia.
Já conjunto de louça de porcelana e afins, delicadas me deixam deliciada! Gosto demais! 🙂
No caso do Armoury, o que mais me encantou e deixou tonta é que nunca havia visto tanta opulência e riqueza e foi ótimo para contextualizar o que eu havia lido sobre os czares. 🙂 bjinhos
Nossa, bem interessante. Este é um museu que colocaria no meu roteiro e visitaria em Moscou!
Obrigado por compartilhar
oi Diego… quando for a Moscou não deixe mesmo de visitar o Armoury! Ele é incrível! 🙂
Que lugar legal, Ana. Já me impressionou no comecinho, quando você falou que foi o lugar mais rico que conheceu. Imediatamente pensei, impossível! Ela veio da cidade da Igreja / Convento de São Francisco!
Aí voce começou a descrever e minhas definições de tesouro foram atualizadas hahah!
Tô louca pra conhecer os ovos Fabergè ao vivo!!
Para mim foi mesmo mudança de paradigma do conceito riqueza! Claro, temos igrejas forrada em ouro, mas o que aqueles czares tinham era escandaloso! Eu nem sabia que existia pedra preciosa tão grande! eheheheh
De qualquer forma, para mim, o maior atrativo do Armoury Chamber, foi contextualizar os czares e sua trajetória através do luxo sempre tão alardeado! 🙂 beijocas
Ana, ainda não conheço a Rússia e cada vez que leio um post sobre la, me dá mais vontade de conhecer! Já salvei esse post para lembrar-me de colocar o museu na roteiro. Imagino que a visita deve ser incrível ao ver tanta riqueza em um único lugar!
Parabéns pelo artigo! Beijão!
oi Rayane! Obrigada! 🙂 Coloque sim o Armoury em sua lista porque ele é espetacular. São objetos magníficos, os expostos no museu, mas mais do que isso, eles nos ajudam a contextualizar a riqueza dos czares russos e entender um pouco dessa trajetória. bjus
[…] enorme decepção, encontramos a Praça Vermelha fechada. Visitamos então o espetacular museu Armoury Chamber, passeamos pelo belo Jardim de Alexandre e deambulamos pelo entorno da icônica […]
Excelente post 🙂 A Russia é de facto um país cheio de cultura e os museus são mesmo uma paragem obrigatoria para quem gosta de arte e historia!
Definitivamente! Não poderia concordar mais! 🙂
Viajando sempre nos surpreendemos não é? Realmente esse museu parece incrível. Uma pena que não possa fotografar. Voce acha que 2 horas foi suficiente? Abraços
oi Giulia… sim, o Armoury é um museu espetacular que nos permite entender um pouco a riqueza czarista e do Império russo. O tempo que se passa em um museu é muito relativo, pessoal, mas eu que sou lenta, que gosto de ver as coisas sem pressa digo que para mim 2 horas foram suficientes sim. bjinhos
Parece ser bem interessante, pena que não pode tirar fotos – aliás eu não entendo porque certos museus proibem fotografia! Adorei a história dos ovos Fabergé, tenho um e naõ conhecia!
oi Tina… eu gostei muito do Armoury e concordo que uma pena que não pudemos registrar a visita. Que bom que pude te encontrar a história dos ovos Fabergè. 🙂 bjs
Tudo na Rússia é tão majestoso, né? Gostei muito de Moscou e também fiquei impressionada com o Armoury Chamber. Não sabia da história dos ovos Faberge e da relação com a família real russa. Muito interessante!!
É bem isso Fernanda! Na Rússia é tudo majestoso! O país impressiona mesmo! 🙂 Que bom que pude te contar o que sei sobre os ovos Fabergè. bj
Excelente post com ótimas dicas e fotos lindas! Esse museu parece ser mesmo magnífico. Preciso conhecer a Moscou.
oi Viviane… Moscou é uma cidade muito interessante, assim como o Armoury Chamber que é sensacional! 🙂 Tomara que você visite mesmo Moscou em breve! Na torcida! 🙂
Adorei! Muitas dicas valiosas! Mais uma visita para colocar no meu roteiro de junho! Oh céus! Muita coisa!
oi Cris… está indo em Junho para a Rússia?! Sensacional!! Aproveite muito! Você tem toda razão: tem muito para ver e fazer em Moscou! Duras escolhas temos que fazer! rsrsr bjus
lembro que oultimo post q tinha lido no blog era aquele de portugal com as paredes amarelas e achei muita coincidencia este ter tb haueahe
minha mae aaama os ovos Fabergè, ela tem paixao absoluta e adoraria ter alguns em casa (se fosse possivel!)
oi Angie… que ótima memória para cores. Sim, o Palácio da Pena em Sintra tem aquelas cores fortes e intensas cujo amarelo é um dos destaques. O Armoury Chamber é mais suave e elegante! rsrs Então sua mãe ia amar visitar o Armoury e ver de perto aqueles maravilhosos ovos Fabergè. bjus
Nossa, bem interessante. Obrigada por compartilhar. As fotografias são lindas.
O museu Armoury Chamber é um dos lugares interessantes de Moscou Eloah! O que ele abriga entre suas paredes é magnífico. Infelizmente (ou felizmente) não pudemos fotografar seu acervo; teria rendido fotos lindas, pois os objetos que ali estão são extraordinários!
Ana Luiza muito bom! Um dos lugares do mundo que muito em desperta interesse e que espero que seja em 2018 que finalmente conhecerei. Me lembrarei do seu post com certeza. Bom texto, boas dicas e fotos espectaculares!
oi Patricia… na torcida – de verdade – para que você possa logo visitar Moscou, cidade incrível! A Rússia é um país sensacional para ser visitado. Se visitar mesmo o Armoury, me conte o que achou! bjus
As 700 rub que vc pagou para entrar nesse museu te dispensaram de pagar a entrada para as igrejas e o Kremlin?
Ótimo post, estou indo pra lá nesta quinta!
oi Miriam… que legal! Aproveite bastante!
Não… O bilhete para entrar no Armoury Chamber NÃO nos deu direito a visitar outras partes do Kremlin, sendo os acessos inclusive, distintos. Para visitarmos as igrejas do Kremlin, por exemplo, tivemos que comprar outro bilhete.
De qualquer forma, sugiro que você pergunte na bilheteria por promoções e bilhetes casados; por ser ano de copa talvez eles tenham implementado alguma promoção. beijos e ótima viagem para você.